sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Entre mitos e saberes antigos


Durante séculos, a figura da bruxa foi envolta em mistério, medo e perseguição. Das fogueiras da Inquisição às vilãs dos contos de fadas, a palavra “bruxa” carregou um peso que serviu mais para oprimir do que para revelar sua verdadeira essência. Mas estamos no século XXI, e ser bruxa hoje é um ato de resgate, empoderamento e conexão com os ciclos naturais. Longe dos estereótipos criados pelo medo e pela ignorância, a bruxa contemporânea é uma mulher – ou homem – que abraça a espiritualidade, a natureza e o conhecimento ancestral sem abrir mão da racionalidade e do pensamento crítico.

Ser bruxa hoje é compreender que a magia não está nos caldeirões borbulhantes ou em feitiços cinematográficos, mas na intenção, na energia e na relação com o mundo ao redor. É perceber que os ciclos lunares influenciam nossa vida, que a terra nos oferece curas naturais e que nossos pensamentos e emoções moldam nossa realidade mais do que imaginamos. Na Wicca, uma das vertentes mais conhecidas do neopaganismo, a bruxa celebra as estações, honra a Deusa e o Deus e pratica a magia como uma extensão da própria vida.

Mas, ao contrário do que muitos pensam, ser bruxa no século XXI não significa fugir da ciência ou rejeitar a modernidade. A bruxa de hoje usa ervas para infusões medicinais, mas também vai ao médico. Acredita na força dos cristais, mas entende que a cura precisa da medicina convencional. Celebra rituais ancestrais, mas também está nas redes sociais, compartilhando saberes e quebrando preconceitos. O conhecimento nunca foi inimigo da espiritualidade – pelo contrário, são aliados poderosos quando bem equilibrados.

E o que dizer da visão distorcida da bruxaria? Ainda há quem associe bruxas a cultos demoníacos, sem nem ao menos compreender que a Wicca, por exemplo, sequer acredita no conceito de diabo. Esse é um mito que foi propagado durante a Idade Média para justificar perseguições. A bruxaria sempre esteve ligada ao respeito pela natureza, ao equilíbrio e à liberdade de crença. Não há pactos obscuros, apenas um profundo compromisso com a vida e com o respeito às energias do universo.

No mundo atual, onde cada vez mais pessoas buscam formas alternativas de espiritualidade, a bruxaria ressurge como um caminho de reconexão. Seja através dos rituais sazonais, do uso de tarot como ferramenta de autoconhecimento ou da simples prática de viver em sintonia com a natureza, a bruxa do século XXI se torna guardiã de saberes que nunca deveriam ter sido esquecidos.

Ser bruxa hoje é resistir. É resgatar o que foi apagado pela história, quebrar tabus e construir uma espiritualidade que faz sentido para o nosso tempo. É compreender que a magia não está em palavras mágicas ou varinhas encantadas, mas na maneira como transformamos nossa realidade todos os dias. E, mais do que tudo, ser bruxa no século XXI é um ato de liberdade.