sexta-feira, 21 de março de 2025

Um convite ao equilíbrio no outono

O outono chega e traz com ele uma sensação diferente no ar. No dia 21 de março, o equinócio marca o momento em que o dia e a noite têm a mesma duração, um instante de equilíbrio quase mágico. Mabon, a celebração que honra essa transição no hemisfério sul, é como um lembrete da natureza para desacelerarmos e prestarmos atenção ao que realmente importa. Não importa se você nunca ouviu falar em Mabon antes. Se já sentiu vontade de fazer uma pausa e agradecer pelas pequenas coisas, você já entende a essência disso tudo.

A cada ano, o outono parece nos dar um empurrãozinho sutil, como se fosse um roteiro de cinema que leva o protagonista a se transformar. As cores das árvores mudam, o calor do verão dá espaço a ventos mais frescos, e a natureza começa a descansar. Aqui no Brasil, é diferente dos outonos que vemos nos filmes estrangeiros. Não temos folhas vermelhas caindo em cascata, mas temos nosso próprio espetáculo de mudanças – frutas amadurecendo, o som mais calmo das chuvas, e aquela brisa gostosa que chega no fim da tarde.

Mabon é um convite para olhar para trás e reconhecer o que construímos até agora. Sabe aquele momento numa novela quando o personagem finalmente percebe o que importa? É exatamente isso. É o instante de perceber que, no meio de tanta correria, algumas sementes que plantamos começaram a dar frutos. Pode ser algo pequeno, como aquele projeto no trabalho que deu certo, ou algo maior, como finalmente alcançar uma meta pessoal. O importante é parar para reconhecer, porque o outono é sobre isso: colher, agradecer e encontrar equilíbrio.

Tem uma coisa sobre o equinócio que me encanta. Não é só sobre a luz e a escuridão dividindo espaço. É sobre o que essa divisão simboliza. É como se a natureza nos dissesse que não precisamos ser só uma coisa ou outra, que podemos ser um pouco de tudo. Podemos ser luz e sombra, trabalho e descanso, movimento e pausa. E, no fundo, isso é um alívio. Porque ninguém aguenta viver só no 220.

No dia a dia, é fácil esquecer o quanto o equilíbrio é importante. A gente corre, acumula tarefas, tenta dar conta de tudo, mas nunca para para respirar. E quando a gente não para, o corpo e a mente começam a cobrar. Mabon é aquele momento do ano que nos lembra que tudo bem dar um tempo, desacelerar. Que a vida, assim como a natureza, tem ciclos, e respeitar isso é um jeito de cuidar de nós mesmos.

O que eu mais gosto em Mabon é que ele não exige grandes rituais. Não precisa de cerimônias elaboradas ou compromissos complicados. Dá para celebrar com algo simples, como cozinhar com ingredientes da estação, reunir a família para uma refeição ou até passar alguns minutos ao ar livre, ouvindo os sons da natureza. Gratidão e equilíbrio podem ser encontrados nessas pequenas coisas, nesses detalhes que a gente costuma ignorar.

E falando em gratidão, é curioso como às vezes a gente só percebe o que tem de bom quando para para olhar de verdade. Não precisa ser algo grandioso. Pode ser aquela sensação de paz ao ver as plantas da sua varanda crescendo ou a alegria de ouvir uma música que te faz sorrir. Mabon nos convida a valorizar esses momentos, porque eles são o que realmente importa.

Enquanto o outono avança, a natureza nos ensina que é preciso deixar ir para abrir espaço para o novo. As árvores deixam suas folhas caírem, os campos ficam mais tranquilos, e tudo parece respirar mais devagar. É uma lição que podemos levar para a vida. O que precisamos deixar para trás? O que não serve mais? Talvez seja hora de abrir espaço, de deixar as folhas caírem.

No dia 21 de março, quando o dia e a noite dividirem o céu igualmente, aproveite para refletir. Não precisa de um grande discurso ou um momento super elaborado. Basta uma pausa para olhar para dentro, reconhecer suas colheitas e se permitir agradecer. No fim, Mabon é isso: um lembrete sutil de que a vida fica melhor quando a gente encontra o nosso próprio equilíbrio.