O neuromarketing, cada vez mais presente em estratégias de grandes e pequenas marcas, é o estudo das respostas cerebrais a estímulos publicitários. Não se trata de adivinhar desejos, mas de entender como o cérebro humano reage a cores, sons, imagens, palavras e histórias. Por meio de testes biométricos e análises de comportamento, é possível saber o que realmente gera atenção, desejo e conexão emocional. Em datas como a Páscoa, quando a concorrência publicitária é alta e as emoções estão à flor da pele, compreender o funcionamento do cérebro do consumidor ajuda a construir mensagens mais empáticas e envolventes — que realmente tocam.
Mas saber o que ativa uma emoção não é suficiente. É preciso entender também como ela é representada e lida culturalmente. Aqui entra a semiótica: a ciência que estuda os signos, os símbolos e seus significados sociais. Em campanhas de Páscoa, os elementos visuais, textuais e até sonoros carregam significados ancestrais — o ovo como renascimento, o coelho como fertilidade, o dourado como recompensa. Quando usados de forma automática, esses símbolos viram clichês. Mas, quando reinterpretados com criatividade e respeito ao contexto, podem resgatar sentidos profundos e gerar uma experiência estética e emocional mais rica para o público.
É nesse ponto que as narrativas criativas se tornam o elo final da estratégia. O consumidor de hoje não quer apenas comprar um produto: ele deseja sentir que faz parte de uma história. Uma boa campanha de Páscoa não vende só chocolate — ela convida para um universo simbólico onde o produto é parte de uma lembrança, de um gesto, de uma jornada emocional. Contar histórias que envolvam, que representem diferentes perfis de consumidores, que valorizem a diversidade e que tragam elementos afetivos reais é mais do que uma escolha estética — é uma necessidade estratégica.
Em um país como o Brasil, e especialmente em regiões como o Centro-Oeste e o Mato Grosso do Sul, há uma riqueza simbólica, cultural e emocional imensa a ser explorada. Criar campanhas que dialoguem com esse repertório regional é uma forma de tornar a publicidade mais próxima, mais honesta e mais eficaz. Afinal, o consumidor não é um número na estatística do IBGE nem um ponto nos gráficos da Nielsen — ele é uma pessoa com memória, identidade e emoção.
É claro que toda campanha precisa considerar aspectos como canais digitais, antecipação, colaborações e formatos interativos. Mas nenhum desses recursos será eficaz se o conteúdo não tiver verdade. E verdade, na publicidade, se constrói com técnica, sensibilidade e narrativa. A Páscoa de 2025 pode ser, sim, uma vitrine de boas práticas criativas — desde que os profissionais que pensam essas campanhas estejam dispostos a ir além da embalagem e ir mais fundo no que realmente importa: o significado que se comunica, o afeto que se desperta, a história que se conta.
