Em tempos de algoritmos, inteligência artificial e feeds
intermináveis, pode parecer surpreendente dizer que o rádio continua sendo uma
das mídias mais relevantes do país. Mas é verdade — e os números provam. Em
2025, o rádio segue vivo, pulsando nas casas, nos carros, nos comércios e,
principalmente, na rotina das cidades brasileiras. Para a publicidade regional,
o rádio não é apenas uma alternativa: é uma ponte direta com o consumidor.
Segundo dados da Kantar IBOPE Media, 83% da população
brasileira ainda ouve rádio diariamente, com uma média de quase quatro horas de
escuta por dia. Em um país com tantas realidades sobrepostas, essa capilaridade
não é apenas impressionante — é estratégica. Enquanto o digital exige cliques,
algoritmos e impulsionamento, o rádio exige apenas um botão. E ele continua
sendo ligado, todos os dias, por milhões de brasileiros.
Mas não é só sobre audiência. O rádio carrega algo que
nenhuma mídia programática consegue simular: confiança. De acordo com pesquisa
do Ministério das Comunicações, o rádio lidera o índice de credibilidade entre
os meios de comunicação, com 81% da confiança do público. Esse dado não pode
ser ignorado por quem planeja campanhas que precisam, antes de tudo, gerar
vínculo e reputação.
No universo da publicidade local, essa confiança se
transforma em resultado. Uma pesquisa publicada pelo portal Negócios SC mostra
que campanhas veiculadas no rádio aumentam em até 49% o reconhecimento da
marca, geram crescimento quatro vezes mais rápido no mercado e aumentam em 32%
a confiança na marca anunciada. Para o comércio de bairro, a loja regional ou o
serviço local, isso é ouro.
Mais do que alcance, o rádio oferece proximidade. Ele fala a
língua da comunidade, cita ruas que o ouvinte percorre, comenta sobre o clima
que está acontecendo do lado de fora da janela. Quando um anúncio entra nesse
contexto, ele não é apenas escutado — ele é percebido como parte da vida
cotidiana. Nas cidades médias brasileiras, o rádio ainda é companhia, fonte de
informação e referência de credibilidade.
E se engana quem acha que o rádio parou no tempo. O consumo
via internet vem crescendo, com 12% dos ouvintes acessando as rádios online,
principalmente pelo celular. Essa migração suave para o digital amplia o alcance
das campanhas sem perder o vínculo afetivo. A rádio vai onde o público está —
do carro à cozinha, do celular ao alto-falante da padaria.
Além disso, o rádio tem um trunfo que muitas plataformas
digitais ainda tentam imitar: a voz. A locução, a entonação e o sotaque
carregam humanidade, regionalismo e espontaneidade. Uma voz familiar no horário
do almoço ou na hora de abrir o comércio é mais do que um som de fundo — é um
laço afetivo. E essa voz pode vender, informar e emocionar.
Para além dos dados, há um fator intangível que faz do rádio
um canal tão eficaz: ele humaniza a publicidade. A locução, a trilha, o
improviso — tudo contribui para que a mensagem soe próxima, real, confiável.
Isso é especialmente poderoso para campanhas de conscientização, ações
comunitárias ou ofertas que precisam gerar resposta imediata. É o tipo de mídia
que mobiliza, porque se mistura à rotina.
O rádio também oferece vantagens técnicas. O custo de
produção e veiculação de um spot é consideravelmente menor do que o de uma campanha
televisiva ou de um conjunto de anúncios digitais segmentados. Isso permite que
pequenos negócios — que muitas vezes não têm verba para grandes ações — possam
ter presença constante no ar, falando diretamente com seu público-alvo.
Outro ponto relevante: a diversidade de formatos no rádio
permite que a publicidade seja inserida de maneira orgânica, seja nos
intervalos, nas vinhetas, nos quadros patrocinados ou até mesmo em conteúdos
integrados com o estilo do programa. Isso amplia as possibilidades de
personalização e aumenta o engajamento do ouvinte.
É claro que a publicidade contemporânea exige multicanais.
Mas ao lado das redes sociais, do Instagram patrocinado e do tráfego pago, o
rádio cumpre um papel essencial: ele fala com quem talvez não esteja online,
mas está plenamente conectado com o que importa no seu dia a dia. Ele entra nas
casas sem pedir senha e circula pelas ruas com autoridade afetiva.
O rádio também educa, entretém e acompanha. Durante crises,
como em enchentes, apagões ou emergências locais, ele é um dos primeiros a
informar com agilidade e responsabilidade. Esse papel de serviço público,
aliado à sua função de entretenimento e comunicação de massa, o transforma numa
das ferramentas mais completas à disposição do marketing regional e das ações
públicas.
Se o objetivo da publicidade é criar vínculos, despertar
memórias e mover ações, o rádio continua sendo um dos meios mais sinceros para
fazer isso. Em cidades brasileiras onde o afeto ainda é parte da rotina e o
comércio local pulsa, é hora de escutar o rádio não só como meio, mas como
estratégia — e respeitar o que ele ainda tem a dizer.
Porque, no fim das contas, o rádio ainda fala com o Brasil.
E quem tem algo a dizer — ou a vender — deveria prestar atenção.
