A propaganda do Fiat Fastback Híbrido estrelada por Adriane Galisteu é uma
aula de como transformar um simples comercial em um espetáculo. Logo no
início, a apresentadora já entra com um tom provocador e descontraído, mandando
um “tá surpreso? Não sei por quê. Eu sou a única que tem uma relação de amor
verdadeira com a Fiat”. Essa frase não só quebra o gelo como também estabelece
a ideia de que ela tem uma conexão especial com a marca. E quem assiste é convidado
a embarcar nessa história com ela.
O texto do comercial aposta forte no storytelling, o que não é novidade para
campanhas da Fiat. Eles unem a nostalgia do passado ao entusiasmo pelo novo.
Galisteu conta que seu primeiro carro foi um Fiat Uno, um presente dado por um
dos maiores pilotos do mundo. A memória pessoal é usada como gancho emocional,
trazendo um senso de autenticidade e criando uma ponte direta com o público que
também pode ter lembranças de seus primeiros carros. O legal aqui é como eles conseguem
ligar esse passado ao presente, quando a apresentadora fala sobre sua “segunda
primeira vez” ao experimentar o Fastback Híbrido. É quase uma jornada do herói
adaptada ao universo automobilístico.
O humor e a leveza de Galisteu dão um tempero especial ao texto. Expressões
como “gostosinho, gostosinho, gostosinho” e “apertou, acelerou, apaixonada”
soam naturais e conversam com um público que quer se divertir enquanto consome
informação. Não é um texto técnico e nem pretende ser. A ideia é fazer o
consumidor se sentir à vontade, como se estivesse ouvindo a recomendação de uma
amiga. O destaque ao fato de o carro ser híbrido e se carregar sozinho enquanto
dirige também é apresentado de forma simplificada e direta, como se fosse algo
mágico, descomplicando o conceito para quem ainda estranha essa tecnologia.
Mas é impossível não notar que o produto acaba dividindo os holofotes com
Galisteu. A energia dela e a narrativa pessoal são tão marcantes que, para
muitos, o comercial pode parecer mais sobre a apresentadora do que sobre o
Fastback. Isso é um risco, especialmente para consumidores que procuram
informações mais técnicas. Sabemos que o carro é econômico e gostoso de
dirigir, mas o que mais ele oferece? Como ele se posiciona frente aos
concorrentes? Esses detalhes ficam em segundo plano, talvez por uma escolha
criativa que aposta no apelo emocional em vez do racional.
A escolha de Galisteu como estrela também tem uma dose de ironia sutil. A
referência à série em que ela teve pouco espaço adiciona uma camada de
metalinguagem ao comercial. Quando ela brinca sobre “tem muito mais história do
que esse minuto e meio”, parece haver uma piscadela ao público, como quem diz
que às vezes o tempo e o contexto não fazem justiça a uma boa narrativa. Para
os fãs atentos, essa camada adicional pode ser um charme extra da campanha.
A Fiat, ao longo dos anos, tem mostrado habilidade em se conectar com os
brasileiros de maneira criativa e emocional. Com o Fastback Híbrido, eles fazem
isso mais uma vez, mas talvez entreguem mais coração do que informação. Para
quem busca entender detalhes técnicos, como o desempenho do carro ou seus
diferenciais frente à concorrência, o comercial deixa a desejar. Por outro
lado, para quem quer se divertir, se emocionar e sentir que está dirigindo um
carro que faz parte de uma história, a propaganda cumpre seu papel.
No final, a campanha é uma aposta no poder da identificação emocional.
Adriane Galisteu entrega carisma, espontaneidade e uma narrativa que conquista.
E, mesmo que o Fiat Fastback Híbrido não tenha sido o verdadeiro protagonista,
ele com certeza ganhou espaço no imaginário do público. Talvez essa seja a
verdadeira vitória do comercial: deixar o espectador com uma boa sensação,
mesmo que ele lembre mais da Galisteu do que dos detalhes do carro. Afinal, na
publicidade, emoção é o que vende.